A obra Viagens na Minha Terra, do escritor português Almeida Garrett, é um romance histórico que aborda uma viagem do autor de Lisboa a Santarém. Percorrendo o caminho em comboio, o objetivo do viajante era conhecer o Ribatejo e, de seu ponto mais alto, fazer uma saudação à vila histórica de Portugal. Em semelhante à viagem do autor, conta-se a uma novela sentimental em torno dos personagens Joaninha e Carlos (primos que foram criados juntos no Vale de Santarém), Frei Dinis (que se torna franciscano e no final descobre que é pai de Carlos) e Georgina (noiva inglesa de Carlos).
Viagens na minha terra, obra de Almeida Garrett é considerada o passo inicial da prosa literária moderna em Portugal. Isso se deve aos elementos que a configuram como: narrativa puxada para a oralidade, mistura de linguagem popular e clássica, mistura do gênero jornalístico com o dramático e imagens e expressões ressaltadas. Todos os elementos citados foram de profunda importância para a libertação da literatura portuguesa da tradição clássica, fatores que influenciaram outro grande nome português, Eça de Queirós, um dos maiores escritores lusos, autor de Os Maias e O Crime do Padre Amaro.
A obra pode ser analisada como um apanhado da situação que Portugal passava na época, século XIX, abrangendo sua posição política e social. Os dois personagens, Frei Dinis e Carlos, são representações (símbolos) do país naquele tempo. O primeiro pode ser entendido como a imagem do Portugal velho e absolutista, com tudo que carregava e positivo e negativo. Já o segundo é representante das características liberais e inovadoras. Entretanto, o mesmo Carlos que simboliza a inovação é o retrato do fracasso de um país que saia de uma guerra entre liberais e miguelistas. Joaninha, menina-moça de olhos verdes, é a figura que melhor representa a vida campestre, a pureza e a antítese dos valores citadinos.
A fase histórica que Portugal passava na época era a Revolução Liberal, um movimento de cunho liberalista. Como as ideias liberais eram contrárias às religiosas, consolidadas no Portugal monarca, a revolução ficou taxada de inimiga do trono e do lar. No ano de 1830, essa disputa entre Conservadores (Absolutistas) e os Liberais (Constitucionais) acaba tornando-se uma Guerra Civil, terminando com a vitória Liberal.
O livro termina com uma metalepse, que é o encontro do autor com a sua ficção, o escritor torna-se elemento da narrativa, interagindo com as personagens.
Fontes:
GARRETT, Almeida. Viagens da minha terra. São Paulo: Nova Alexandria, 2001
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